sexta-feira, 7 de novembro de 2008

OS MACHOS DO MERCADO FINANCEIRO

O articulista da Veja e administrador de empresas, Stephen Kanitz, publicou um artigo essa semana em sua coluna na revista com um ponto de vista diferente sobre a atual crise financeira.

Ao ler o título - "O Fim dos Homens Alfa" - não sabia nem do que se tratava, mas, logo adiante, percebi que era uma reflexão da crise, talvez, de um ponto de vista biológico evolutivo (que analisa a origem e a descendência das espécies, bem como suas mudanças ao longo do tempo). Achei muito sensato e pertinente.

De acordo com Kanitz, "a crise mundial que estamos presenciando é um fenômeno conhecido por zoólogos como o estouro da manada. Ela ocorre quando os machos alfa - líderes do grupo ou reprodutores - se assustam por alguma razão, seja um vulto de leão, um relâmpago ou um trovão. Sem analisar a situação por um segundo, fogem em pânico, na esperança de que comido será o bezerro retardatário. As fêmeas, surpresas, fogem atrás, seguindo "o nobre exemplo" do macho alfa em disparada".

Não sei se vocês se lembram, mas os primeiros a sairem correndo alarmando o mercado foi o diretor-gerente do FMI - o "alfa dos alfa", Dominique Strauss-Kahn, ao dizer que o sistema financeiro global estava em colapso e prestes a derreter mais de 20% em poucos dias. Algo que uma pessoa na sua posição jamais poderia dizer. "Boa parte daqueles que saíram resgatando fundos de investimento foram pessoas inocentes, que confiavam nos profissionais do Fed e do FMI. Mas, se eles mesmos estão em pânico, o pânico se espalha", afirma Kanitz em seu artigo.

Nenhum macho alfa acalmou os investidores brasileiros ou estrangeiros, mostrando-lhes que o Brasil não tinha esse tal de "subprime", nem bancos com prejuízo, prestes a quebrar. Só disseram que a crise iria piorar e atingiria o Brasil, profecia que se cumpriu. Nenhum alfa saiu apresentando fatos concretos, informando que os bancos brasileiros financiam governo, e não imóveis, que nosso crédito ao consumidor não passa dos 36% do PIB, contra os 160% do americano, que metade dos bancos já era estatal, que o momento era para comprar ações dos alfas apavorados, e não para sair vendendo junto. Ao contrário, eles só incendiaram mais e mais. "Será pior do que 1929", berrava o professor Nouriel Roubini, de entrevista em entrevista. "Será igual a 1929", afirmava Alan Greenspan.

Agora os especialistas dizem que o pânico é psicológico, sem grande base real e que o mercado tende a se acalmar a medida que os poupadores se sintam protegidos contra a quebradeira. Para isso, basta apenas esperar um pouco mais pela evolução da espécie para que as atitudes dos machos alfa mudem e acalmem os mercados. Então, só nos basta aguardar e rezar!

Um comentário:

zitcal disse...

Achei ótima essa matéria. É verdade, me lembro que os "machos" diziam que íamos viver como se tivessemos passado por uma grande guerra, sem empregos, fome, etc. Os analistas e jornalistas criticaram o pres.Lula por ser otimista.....